terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Charlie Papazian


Cerveja artesanal brasileira no outro Vale Dourado
4 de Fevereiro, 9:50Beer Examiner

Publicamos a tradução do Artigo de Charlie Papazian em português. Créditos: Tiago Falcone.

“Eu fiz da cerveja a minha vida e agora eu sou um homem muito feliz.”
Muito tempo atrás no Vale do Ouro Trapistas Belgas fundaram a cervejaria Orval, literalmente traduzido como Orval. No Brasil uma pequena cervejaria emergiu de suas próprias humildes origens no Vale do Ouro (http://www.falkebier.com.br/localizacao.asp), uma área próxima à cidade de Belo Horizonte no estado de Minas Gerais.
Eles dizem que Minas Gerais tem mais de 8.000 destilarias de cachaça e 7 micro cervejarias. Cachaça é um tipo de rum brasileiro feito com açúcar de cana não refinado, ao invés do açúcar refinado. A arte e a diversidade são impressionantes. Oito mil não é um erro de impressão, mesmo que a maioria digamos que seja “não-oficial” (wink-wink), se você sabe o que significa, se não, deixa pra lá.

Novos micro cervejeiros são relativamente bem recebidos nesse montanhoso estado, rico em minerais e em sede por bebidas alcoólicas. Marco Falcone é um desses cervejeiros fortemente ligados, tendo fundado sua cervejaria, Cervejaria Artesanal Falke Bier em 2004. No Vale do Ouro ele diz que é a cervejaria no Brasil localizada em maior altitude, 1200 metros. Suas cervejas são criativas, requintadas, inovadoras e merecem ser saboreadas.
Um engenheiro eletricista por profissão, Marco trabalhou em usinas hidrelétricas por muitos anos. Sua primeira produção caseira de cerveja foi nos anos 80, fazendo produções para beber nos fins de semana no sítio da família. Ele perdeu o interesse e parou de fabricar em 1988. Fatalmente ele visitou a Alemanha 6 ou 7 anos atrás. Ali ele se deu conta que as cervejas alemãs que tomou lembravam a sua cerveja caseira. Sua visita de uma semana se tornou uma intensiva viagem de 3 meses visitando cervejarias e aprendendo tudo o que pôde na Alemanha, Bélgica e Dinamarca. A Falke Bier agora é um negócio de família.
“Eu fiz da cerveja a minha vida e agora eu sou um homem muito feliz.” diz Marco.

No centro de degustação da cervejaria eu provei várias cervejas Falke com queijos artesanais de Minas Gerais e em cada página das cervejas no site, uma música é harmonizada com cada escolha e merece cliques. Provei Estrada Real IPA (estilo inglês) com Parmesão curado, Falke Pilsner com suave Queijo Canastra e Ouro Preto Dunkel com Gorgonzola. As cervejas escuras ele torra seu próprio malte em uma torradeira de café.

Sempre há música tocando, um vídeo de cerveja toca no monitor, o gramado e a floresta lá fora são de um verde brilhante. Seu “campo” de cevada de 1 metro quadrado dá uma sensação de ligação com a agricultura. Ouço o som de mais uma cerveja sendo servida. Marco está distraído, seu toque de celular é uma gravação de uma de suas cervejas sendo servida em uma taça.

Um relógio na cervejaria avisa que não é permitido beber cerveja antes das 19 hs. Todas as horas do relógio são 19 hs. As escadas que levam para a cave da Monasterium são vigiadas por um monde com sua cerveja.

Sua Tripel brasileira belgo-inspirada de 9% é a Monasterium. Ela tem toques de coentro e cítrico e é muito comentada entre entusiastas de cerveja no Brasil com acesso à sua reduzida produção. Em 2008 venceu o prêmio brasileiro da indústria de alimentos e bebidas, o Tecno Bebida Award, por Produto Mais Inovador.

As experiências sensoriais são constantes. Uma nova cerveja surge e sua história toma seu lugar na mesa antes de mim. “Essa próxima cerveja que você irá provar não está à venda, porque eu acho que o governo não vai saber como classificá-la, então eu só a dou a amigos como presente. Só há 300 garrafas desta cerveja.”

É a sua Vivre pour Vivre. Antes de abrir a garrafa ele toca a música apropriada, do filme Vivre pour Vivre e então sorri enquanto desarrolha a garrafa. É um blend de suco de jabuticaba e sua Tripel Monasterium. Não é só uma velha Monasterium. Lógico que você já pode esperar uma nova música e uma nova história. A Monasterium da qual a Vivre pour Vivre é produzida é única. Leia.

Alguns anos atrás ele descobriu que uma produção de Monasterium tinha ficado láctica e ácida, ou seja, teve uma inesperada contaminação por lactobacilos. Ao invés de vender ou descartar ele manteve guardada por 3 anos. Após esse tempo, o sabor tinha ficado muito bom. Abrindo meticulosamente todas as suas garrafas envelhecidas em um fermentador, ele então adicionou um pouco mais que a mesma quantidade de suco de jabuticaba, levedo fresco e então refermentou por 10 dias, depois disso reengarrafou. A cerveja de 4,5% de álcool que resultou é gloriosamente magnífica.

Jabuticaba é uma fruta bem incomum que cresce direto no tronco da árvore e nos galhos principais dessa pequena árvore. Essa fruta preta/marrom/roxa tem que ser consumida ou usada imediatamente. Ela não dura uma viagem.

Vivre pour Vivre tem uma viva e infantil cor vermelho frutado, uma refrescante e bem balanceada acidez láctica e como tom suave um complexo e sutil sabor e aroma de pimenta de Sichuan.

Eu perguntei ao Marco: “Você é uma pessoa muito criativa – qual é a próxima coisa que você vê no seu horizonte?”. Sua resposta foi instantânea: “Minha visão mais longa é ajudar a fazer do Brasil um país cervejeiro.” Ele atende pelo nome “Falke”. Ele é um homem e cervejeiro honorável, com um objetivo honorável. Há outros que compartilham da sua visão. Mais sobre isso numa história futura.

Para ver o artigo original acesse http://www.examiner.com/examiner/x-241-Beer-Examiner~y2010m2d4-Brazilian-craft-beer-made-in-the-Valley-of-Gold#comments
Foto: Charlie Papazian

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