Estado de Minas - Eduardo Tristão Girão
Produzida em Minas, a Vivre pour Vivre agrega o aroma e o sabor da jabuticaba
Cerveja

Na mesa, só notáveis – a começar pelo próprio dono da casa, o empresário Rodrigo Ferraz. A convite dele, estavam lá o jornalista austríaco Conrad Seidl (o papa do assunto, autor do ótimo livro O catecismo da cerveja), a mestre cervejeira e beer sommelier Cilene Saorin (SP), Marcelo Carneiro (Cervejaria Colorado/ SP), Cassio Piccolo (Frangó/SP), Edu Passarelli (do blog Edu Recomenda/SP); Sérgio Bueno (bares Original, Pirajá e Astor, Pizzaria Bráz e Hamburgueria Lanchonete da Cidade/SP), André Clemente (colunista da revista Prazeres da mesa/SP), Marco Falcone (cervejaria mineira Falke Bier), o mestre cervejeiro Paulo Schiavetto (MG), Halim e Ana Paula Lebbos (cervejaria mineira Backer) e Fernando Areco (restaurantes A Favorita, La Victoria e Splendido, em BH).
A inspiração foi o Jantar do Século, que reuniu Ferran Adrià e dezenas de outros chefs espanhóis importantes em São Paulo, no ano passado. Mas as coincidências param aí: o evento não foi aberto ao público. Afinal, trata-se essencialmente de um encontro de amigos em torno da cerveja. Ainda assim, é relevante para a cena cervejeira da cidade. Como disse bem Rodrigo Ferraz:
“Trazer todas essas pessoas à cidade já é muito importante. Esse é um trabalho a longo prazo. Para implantar uma cultura num local, é preciso que haja conjunto de ações, e não ações isoladas. É um trabalho de formiguinha”Ele sabe o que fala. Neste semestre, estiveram em eventos do Haus München dois grandes nomes da cerveja no cenário mundial: o cervejeiro caseiro e designer de rótulos norte-americano Randy Mosher (foi ele quem desenhou os da Colorado) e, agora, Conrad Seidl. O próprio Conrad, durante a degustação, fez questão de ressaltar, em voz alta, a importância desse tipo de reunião. A próxima Degustação Histórica será na Melograno, forneria e empório de cerveja paulistano de Edu Passarelli, em abril do ano que vem. A intenção é fazer dois encontros como esse por ano.
A degustação contemplou 17 cervejas diferentes, produzidas na China, Itália, Estados Unidos (a maioria), Bélgica, Áustria e Brasil. A propósito, as nacionais se saíram bem entre as demais: foram experimentadas a wee heavy scotch ale Bode Brown/PR; a imperial stout com rapadura preta Colorado Vintage Black Rapadura/SP e, em primeira mão, a sour ale com jabuticaba Vivre pour Vivre, da mineira Falke Bier. Bairrismo a parte, a cerveja mineira roubou a cena.
Marco Falcone, um dos responsáveis pela formulação da Vivre, conta que várias experiências foram feitas com as jabuticabas. Primeiro, fervendo as frutas em água e depois congelando-as. As duas deram errado, pois houve perda dos óleos essenciais, o que interferiria de maneira negativa na avalição dos sabores e aromas do produto final. A solução foi macerá-la com água mineral em temperatura ambiente.
Para quem conhece, a espetacular Monasterium (ale estilo belga de abadia) produzida pela Falke Bier é a base dessa cerveja. Fermentada por três anos em garrafa com o preparado de jabuticaba, ganha não apenas cor arroxeada, mas aroma e sabor delicados da fruta. Um trabalho de mestre, que lembra a tradição europeia de cervejas feitas com frutas. O primeiro lote, de 300 garrafas, já está no ponto e será repartido entre especialistas.
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