domingo, 3 de abril de 2011

Schincariol



A partir deste fim de semana, quando entra em vigor a nova tabela de preços de referência de cerveja e refrigerante para cobrança de tributos federais como IPI, PIS e Cofins, Adriano Schincariol vai prestar mais atenção ainda aos concorrentes. A carga tributária, segundo cálculos preliminares do setor, deve subir cerca de 14% para a cerveja e 20% para refrigerantes. "Em 2010 investimos bastante e não temos como absorver esse aumento de imposto. Vamos ter que repassar", diz o presidente e principal acionista da segunda maior fabricante de cerveja do país.

A decisão de mexer nos preços segue a mesma linha adotada pela líder do mercado, Ambev, que já havia informado na semana passada que repassaria o aumento de impostos ao preço final, sem precisar qual o tamanho do repasse e quando será feito. Em 2010, o preço da cerveja no país subiu 6,5% nos supermercados e 7,7% em bares e restaurantes, enquanto a inflação oficial (IPCA, do IBGE) subiu 5,91%.

Adriano Schincariol diz que não está sentindo nenhuma desaceleração nas vendas, ao contrário do que divulgou a Ambev afirmou em seu balanço do ano passado. Mas o investimento da Schincariol para este ano será menor e uma fábrica de refrigerantes, a de Murici, em Alagoas foi fechada. A operação atual é de 13 fábricas, sendo 70% delas voltadas para cerveja.

No ano passado, a Schincariol investiu R$ 1 bilhão, um valor recorde, sendo a maior parte na produção. "Investimos o equivalente a 34% da receita líquida. É um percentual alto", diz ele. Para este ano, a previsão é algo entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, com possíveis expansões na Bahia e outras unidades da região Nordeste.

"Fechamos a fábrica de refrigerantes em Murici pois era pequena e o custo, alto", afirma Adriano, que vem buscando aumentar a eficiência na companhia. Acha que está conseguindo. Considera o ano de 2010 como "um dos melhores para a empresa."

A receita líquida cresceu 9,5% para R$ 2,9 bilhões - a bruta somou R$ 5,7 bilhões, com aumento de 11,8%. O lucro líquido caiu de R$ 75 milhões, em 2009, para R$ 55 milhões. Assim como os demais fabricantes, a companhia, com sede em Itu (SP), teve que arcar com custos maiores de insumos agrícolas e embalagens, mas Adriano observa que "várias linhas do balanço mudaram pois adotamos o IFRS", o novo padrão contábil que segue regras internacionais para demonstrações financeiras.

Adriano está particularmente satisfeito com a geração de caixa (Ebtida normalizado), que cresceu 47,7%, para R$ 434 milhões, com margem de 15,2%. E o endividamento de curto prazo, afirma, é baixo em relação a empresas do setor de bens de consumo final. "Nosso endividamento é de mais ou menos um Ebtida".

Sobre a operação ser mais lucrativa no Nordeste do que em outras regiões, Adriano explica que o benefício fiscal faz a diferença. "No Sul as operações não são incentivadas. Mas tanto no Nordeste quanto no Sul, temos geração de caixa. E é isso que importa".

Fonte: Valor Econômico, 1,2 e 3 de abril, página B1.

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