quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Marketing de Cerveja

Ambev e Petropolis travam nova disputa
por Francisco Góes

A guerra das cervejas, travada há anos no meio publicitário, ganha força nos tribunais. A Ambev, líder de mercado, e a Cervejaria Petrópolis, fabricante da cerveja Itaipava, vêm se enfrentando na Justiça em uma discussão sobre concorrência desleal. Ontem, o juiz Antonio Augusto de Toledo Gaspar, da 3ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), recebeu recurso impetrado pela Cervejaria Petrópolis em uma ação movida contra a empresa pela Ambev.

No processo, a Ambev afirma que a Cervejaria Petrópolis copiou, em edição especial da cerveja Itaipava, uma lata vermelha lançada antes pela marca Brahma. Em 11 de janeiro, a Ambev obteve liminar na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, concedida pela juíza Natascha Dazzi, determinando que a Cervejaria Petrópolis deixasse de vender a cerveja da marca Itaipava na lata vermelha e de veicular a imagem do produto sob pena de multa diária de R$ 50 mil.

A fabricante da Itaipava foi notificada da decisão em 13 de janeiro e no dia 18 do mesmo mês protocolou o recurso, que só foi recebido ontem pelo juízo da 3ª Vara.

A cervejaria Petrópolis afirma que não está produzindo nem possui em estoque a cerveja Itaipava na lata promocional de cor vermelha. Reconhece, porém, que a embalagem ainda existe nos estoques de distribuidores e nos depósitos do mercado, razão pela qual pede prazo de 60 dias para que se esgotem as latas vermelhas que ainda estão nas gôndolas. O recurso ainda será analisado pelo juízo.

A Cervejaria Petrópolis também protocolou, em 1º de fevereiro, contestação à ação movida pela Ambev, segundo a assessoria da empresa. A briga sobre as latas vermelhas começou em 2010. Em julho, a Ambev inovou ao lançar a lata vermelha para a Brahma.

O mercado, tradicionalmente, utiliza latas brancas. Segundo a ação judicial, dois meses mais tarde a Petrópolis lançou uma edição especial da Itaipava, comemorativa ao patrocínio da Stock Car, com latas brancas.

Mas pouco depois do lançamento da nova Brahma, a Itaipava mudou a embalagem de parte das latas comemorativas para a cor vermelha. Na visão da Ambev, a Itaipava buscou tirar proveito e diluir a estratégia da Brahma. O argumento é de que, embora as cores, isoladamente, não sejam objeto de apropriação são elementos que formam a imagem da marca perante o público, o chamado "dress code".

Em nota, o Grupo Petrópolis informou que a cor vermelha sempre fez parte da identidade da marca Itaipava, em especial nas ações de automobilismo e nos apoios a iniciativas esportivas. "As latas vermelhas foram desenvolvidas para a divulgação da marca Itaipava como cerveja oficial de um torneio automobilístico de alta visibilidade. São promocionais e com ciclo de vida limitado", informou a empresa na nota enviada ao Valor.

A advogada Alice Moreira Franco, representante da Ambev, observou que "é a terceira vez que a Ambev tem que entrar com ação na Justiça [contra a Itaipava] para coibir a concorrência desleal e a imitação de produtos."

Em outubro do ano passado, a Ambev obteve liminar, na mesma 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, para que a Petrópolis se abstivesse de veicular rótulos e propagandas do Chopp Itaipava Black e do Chopp Crystal Black com as características de imagem do Chopp Brahma Black, lançado em 2006.

Para a Ambev, a Itaipava plagiou o rótulo, a embalagem, a linguagem e o contexto publicitário do Chopp Brahma Black.

O Grupo Petrópolis argumentou, em nota, que suas políticas de inovação e desenvolvimento de produtos são reconhecidas pelo mercado. A assessoria da Petrópolis informou que foram feitas mudanças em todas as peças publicitárias do Chopp Black.

A Ambev também entrou em outro litígio com o concorrente acusando-o de, no lançamento da Itaipava Fest, ter plagiado a Skol Beats, garrafa de vidro transparente, design arrojado e rótulo no gargalo.

A Ambev é a líder do mercado brasileiro de cervejas, com cerca de 70% das vendas. A Schincariol é a segunda maior, com 12%, e a Petrópolis vem em terceiro lugar, com cerca de 10%, segundo estimativas do mercado.

Fonte: Valor Econômico, página B6, 08.02.2010

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