quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Meu pai, Monasterium e o pileque

Fazia tempo eu tentava beer evangelizar meu pai. Cerveja foi a única bebida que ele apreciou, sempre em momentos especiais, dividindo uma ou duas garrafas com minha mãe.

Durante boa parte da minha vida, meu pai bebia apenas em aniversários e encontros familiares, festejando sempre a oportunidade de apreciar uma cervejinha.

Depois que os filhos cresceram, a cerveja começou a frequentar a geladeira de casa. Infelizmente, latinhas das macros pipocavam, as vezes umas marcas medonhas que me obrigavam a inventar um tratamento médico pra me esquivar de rótulos pra lá de sem vergonha que apareciam uma vez ou outra.

Do outro lado, eu vez e outra levava uma coisa diferente pra ver a reação. Meu pai gostava, sim, mas sem muito entusiasmo. E anos se passaram. Eu já havia quase desistido.

Eis que fabriquei minha primeira cerveja, uma English Bitter encorpada. Ele me pareceu legitimamente animado com a novidade. Planejei o golpe derradeiro: Falke!

Levei meus pais ao Paladino. Mandamos um Red Baron, seus olhos brilhavam. Mas foi quando provou a Monasterium que ele teve uma epifania! Maravilhado, ele bebia como se nunca na vida houvesse provado algo semelhante; na verdade era isso mesmo.

Pois bem. No dia seguinte lhe presenteei com uma Monasterium do meu estoque. Ficou feliz, sim, isso foi na semana passada. Ontem passei na casa deles. Minha mãe me conta a história, que começa com um convite do meu pai no sábado.

- Vamos tomar aquela cerveja que o Márcio trouxe?
- Ah bem, eu estou tomando remédio, não posso não, estava pensando no seu aniversário.

Ok. Passa um tempo, minha mãe encontra meu pai na sala tomando a Monasterium sozinho.

- Mas vc abriu a cerveja pra tomar sozinho?!!
- Eu te convidei, vc não quis...

E não termina aí. Meu pai secou a garrafa, alheio ao teor alcóolico. Minha mãe conta.

- Estava na copa, me passa ele, feliz da vida e de pileque!!! Dormiu o resto da tarde!!

Meu pai não tomava um pileque desde 1968, quando foi nomeado para posse no Banco do Brasil, em cujo concurso havia sido aprovado um ano antes.

Foi assim, depois de 4 décadas, que minha mãe presenciou seu segundo porre. E ele estava ótimo ontem, aliás, acho que muito interessado em provar mais uma, talvez com um pouco mais de moderação.

É a Falke resgatando almas perdidas das macros infernais. Obrigado Marco! Aliás, meu pai lhe mandou os cumprimentos dele pela cerveja.

Saúde!

Márci Rossi

Um comentário:

Marco Falcone disse...

Legal demais, Márcio, continue assim, salvando almas. Dê um grande abraço no seu Pai, desde já convido você, seu pai e sua mãe para uma visita à Falke Bier. Um abraço e Pão e Cerveja!!!

Marco Falcone

 
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