quinta-feira, 16 de julho de 2009
São Paulo terá o primeiro curso de beer sommelier do país por Cilene Saorin
Objetivo é conceder diploma a especialistas em cerveja. Aulas devem começar no segundo semestre deste ano.
Loira, estupidamente gelada e bebida aos montes. Para muitos, é assim que se deve tomar cerveja. Mas um grupo de apreciadores abomina esse conceito e prega o consumo educado e consciente.
São os chamados beer sommeliers, que vão ganhar pela primeira vez um curso de formação oficial no Brasil. As aulas devem começar no segundo semestre deste ano e a cidade escolhida para dar início ao projeto foi São Paulo.
Formada engenheira de alimentos no Brasil, beer sommelier na Academia Doemens (Alemanha) e mestre cervejeira na Espanha, a paulistana Cilene Saorin, de 37 anos, será a responsável pelo curso. “O beer sommelier trabalha a cerveja na esfera gastronômica. Ele se preocupa com a apresentação, a temperatura, a taça adequada, a harmonização com o prato”.
Já o mestre cervejeiro, segundo ela, "trabalha a cerveja em escala industrial". Cilene explica que, apesar de o brasileiro beber muita cerveja, não existem profissionais graduados. E revela que a profissão de beer sommelier só foi reconhecida mesmo em 2005. Além dela, só mais uma mulher tem essa formação aqui no Brasil.
“Existe o risco de as pessoas se autointitularem [beer sommelier] só lendo sobre o assunto. Você pode ser bastante competente, mas é importante ter uma educação formal”, explicou Cilene. “A pessoa nunca pode ser chamada de beer sommelier se não tem o título. É uma forma de respeitar a profissão”.
Estupidamente gelada
Cilene estudou na Academia Doemens, escola que forma mestre cervejeiros desde 1895. É a partir do método de ensino dos alemães que ela vai montar o curso em São Paulo, fazendo as adaptações necessárias.
“A intenção é formar gente capaz de dar uma boa informação. Cerveja não é só estupidamente gelada para matar a sede e dar barato [deixar bêbado]”.
A especialista, que acumula também a função de editora da revista Beer Life, acredita que o público alvo vai ser de apreciadores ou de gente que trabalha com esse produto, como importadores, funcionários de cervejarias ou de restaurantes. “O beer sommelier tem que ter responsabilidade com o consumo consciente. Não está interessado em fazer o cliente encher a cara”.
Para se formar, o aluno precisa ter nível superior e não sofrer de males como deficiências no paladar ou no olfato (caso de pessoas com rinite alérgica). O empresário Marcelo Stein, de 34 anos, dono de uma importadora de bebidas, se mostra animado com a chegada do curso.
“É fundamental. Você não consegue vender cervejas especiais sem esse tipo de serviço. Se a pessoa não tem informação, oferece ao cliente um produto maravilhoso, mas que ele vai beber com displicência”, afirma ele, referindo-se aos rótulos importados ou menos conhecidos aqui no Brasil.
Degustação
É em busca de momentos de prazer que os apreciadores de cervejas de cor “amarelo-ouro, amarelo-pálido, vermelho e negro profundo”, como enumerou Cilene, se reúnem para experimentar “novas sensações”. O G1 acompanhou uma sessão de degustação de cerveja em um bar da Zona Norte de São Paulo. Ali, a carta tem mais de cem rótulos da bebida entre nacionais e importadas.
À mesa, estavam amigos de Cilene, mestres também em identificar a cada gole a cor, a turbidez, o brilho, a espuma, o aroma, a acidez e até a doçura de cada cerveja. Com uma ficha ao lado, eles anotavam as observações referentes à aparência da bebida, ao gosto e às sensações na boca.
Era um encontro para degustar cervejas do tipo “vintage”. “São as que envelhecem, como os vinhos. E não devem ser bebidas estupidamente geladas”, ensina a mestre cervejeira. Enquanto a primeira turma de beer sommeliers não se forma, os apreciadoras da “loira” e seus derivados continuam especialistas em um quesito: mesa de bar.
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